Fugas e contrapontos na fronteira

reflexões etnográficas sobre transitividades corporais e de gênero no Alto Solimões/AM

Autores

  • Silvana de Souza Nascimento

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v11i1.299

Resumo

Este artigo pretende oferecer algumas reflexões iniciais que resultaram de experiências etnográficas realizadas na região transfronteiriça amazônica, no Alto Solimões, entre as cidades de Letícia, na Colômbia, Tabatinga, no Brasil e Santa Rosa, no Peru. Buscase compreender como performatividades de gênero podem compor uma pluralidade de corporeidades femininas dentro do multiverso trans*: niños que se mudan, travestis, mulheres transexuais, chicas trans, transformistas, transgeneristas, mulheres, mujercitas, mujeres. O texto se propõe a mostrar que, no espaço dos salões de beleza, elas se dedicam a cuidados corporais por meio de diversos serviços de beleza e, nestes lugares, onde trabalham e habitam, também materializam seus próprios corpos por meio de experiências intersubjetivas. Além disso, nos espaços de sociabilidade, em bares, calçadas, avenidas, praças, adquirem visibilidade nas paisagens urbanas e vivenciam formas de controle, produção de diferenças e desigualdades.

Referências

AGIER, Michel. 2013. La condition cosmpolite: L´anthropologie à l´épreuve du piège identitaire. Paris: La Découverte.

APONTE-MOTA, Jorge. 2011. Leticia y Tabatinga: transformación de un espacio urbano en la Amazonia. Tesis de Maestría en Estudios Amazónicos. Leticia: Universidad Nacional de Colombia.

BENEDETTI, Marcos. 2005. Toda feita: o corpo e o gênero das travestis. Rio de Janeiro: Garamond.

BRAH, Avtar. 2006. “Diferença, diversidade, diferenciação”. Cadernos Pagu (26), Unicamp.

BEAUVOIR, Simone. 1976. Le deuxième sexe. Vol. II, Paris: Gallimard.

BUTLER, Judith. 2003. Problemas de gênero. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira.

______. 2008. Cuerpos que importan. Buenos Aires: Paidós.

CSORDAS, Thomas. 2008. “A Corporeidade como um Paradigma para a Antropologia”. Corpo, significado, cura. Porto Alegre: Editora UFRGS.

CSORDAS. Thomas. 2013. “Fenomenologia cultural corporeidade: agência, diferença sexual, e doença”. Educação (Porto Alegre, impresso), v. 36, n. 3, pp. 292-305, set./dez.

MAUSS, Marcel. 2003. “As técnicas do corpo”. Sociologia e antropologia. São Paulo. Cosac & Naify.

MELO DA CUNHA, Flavia. 2016. Políticas públicas e trajetórias de gênero na fronteira: análise do processo de implementação do Programa Bolsa Família na Tríplice Fronteira Brasil-Peru-Colômbia. Projeto de pesquisa de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade de São Paulo, São Paulo: PPGAS/USP.

GRIMSON, Alejandro. 2003. “Los procesos de fronterización: flujos, redes e historicidad”. IN: Clara Inés García (ed). Fronteras: territorias y metáforas. Medellín: Hombre Nuevo Editores, pp. 15-34.

JESUS, Jaqueline Gomes. 2012. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Guia técnico sobre pessoas transexuais, travestis e demais transgêneros, para formadores de opinião. Disponível em: https://www.sertao.ufg.br/up/16/o/ORIENTA%C3%87%C3%95ES_POPULA%C3%87%C3%83O_TRANS.pdf?1334065989

MALUF, Sonia. 1999. “O dilema de Cênis e Tirésias: corpo, pessoa e as metamorfoses de gênero”. In: Silva, A., Lago, M. C., Ramos, T. (orgs.) Falas de gênero. Florianópolis: Editora Mulheres.

MERLEAU-PONTY, M. 2006. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes.

NASCIMENTO, S.S. 2014. “Variações do feminino: circuitos do universo trans na Paraíba”. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 57 nº 2.

NASCIMENTO, S. S. OLIVEIRA, T. L.. 2017. “O (outro) lugar do desejo: notas iniciais sobre sexualidade, cidade e diferença na tríplice fronteira amazônica”. Amazônica: Revista de Antropologia (ONLINE), v. 8, pp. 118-141.

OLIVAR, José Miguel. 2017. “Género, dinero y fronteras amazónicas: la 'prostitución' en la ciudad transfronteriza de Brasil, Colombia y Perú". Cadernos Pagu [online], n.51.

OLIVAR, J.M.N. 2014. “Adolescentes e Jovens nos Mercados do Sexo na Tríplice Fronteira Brasil, Peru, Colômbia: Três Experiências, um Tour de force e Algumas Reflexões”. Revista Ártemis, v. 18, pp. 87-102.

OLIVAR, J.M.N.; MELO DA CUNHA, Flávia; ROSA, P. C. 2015. "Presenças e mobilidades transfronteiriças entre Brasil, Peru e Colômbia: o caso da imigração peruana na amazônia brasileira". Revista Tomo (UFS), v. online, pp. 123.

PISCITELLI, Adriana. 2008. "Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras". Sociedade e Cultura, v.11, n.2, jul/dez.

VERGUEIRO, Viviane. 2015. Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. Dissertação de mestrado na área muldisciplinar Cultura e Sociedade, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

Downloads

Publicado

01-06-2019

Como Citar

Nascimento, S. de S. (2019). Fugas e contrapontos na fronteira: reflexões etnográficas sobre transitividades corporais e de gênero no Alto Solimões/AM. Revista De Antropologia Da UFSCar, 11(1), 524–551. https://doi.org/10.52426/rau.v11i1.299

Edição

Seção

Dossiê: Corpos, fronteiras, gênero e sexualidade