Etnografia, história e memória entre moçambicanos no Brasil

possibilidades e limitações políticas em campo

Autores

  • Victor Miguel Castilho de Macedo

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v8i1.156

Palavras-chave:

memória, guerrra, história, políticas do conhecimento

Resumo

O presente artigo descreve algumas das vicissitudes do contexto e as estratégias de investigação adotadas durante uma pesquisa etnográfica entre moçambicanos em Curitiba, no sul do Brasil (2012-2015). Assim, os objetivos do texto são: narrar as disputas por legitimidade da historiografia moçambicana contemporânea; evidenciar os dilemas encontrados diante da possibilidade das memórias e opiniões políticas, registradas na pesquisa, gerarem constrangimentos para os interlocutores da burocracia estatal; e situar o diálogo com preocupações históricas e historiográficas como meio para o dimensionamento ético na etnografia. Para tal, utiliza-se a argumentação construída na dissertação, de modo reordenado, a fim de reforçar a ideia de que o cuidado com as disputas historiográficas contribuiu, sensivelmente, para lidar com as tensões políticas moçambicanas. Portanto, a reflexão desenvolvida pretende incentivar a incorporação dos obstáculos, éticos e epistemológicos, de cada pesquisa etnográfica à produção do objeto investigado e suas inquietações. 

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Publicado

01-06-2016

Como Citar

Macedo, V. M. C. de. (2016). Etnografia, história e memória entre moçambicanos no Brasil: possibilidades e limitações políticas em campo . Revista De Antropologia Da UFSCar, 8(1), 131–146. https://doi.org/10.52426/rau.v8i1.156

Edição

Seção

Dossiê Etnografias, desafios metodológicos, éticos e políticos