O tatu, o buraco, a planta e a terra

perspectivas entrópicas e da vida numa ilha de Vera Cruz

Autores

  • Marília da Silva Lima UNICAMP

DOI:

https://doi.org/10.14244/rau.v14i2.427

Palavras-chave:

extrativismo, progresso, capitaloceno

Resumo

No presente artigo, reflito sobre os relacionamentos entre os ilhéus de uma pequena ilha na Bahia e uma mineradora norte-americana. Eu argumento que a perspectiva nativa de uma ilha “dividida em duas” expressa a produção desigual e violenta de escalas locais/globais, na era do Capitaloceno. A despeito de quaisquer horizontes que denotem comensurabilidades ontológicas e/ou coabitações fleumáticas com o “progresso”, sugiro que nessa ilha de Vera Cruz as tensas fricções de lógicas dessemelhantes indicam transformações entrópicas perpetradas pela expansão capitalista, que comprometem a vitalidade da “terra”.  

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Publicado

28-03-2024

Como Citar

Lima, M. da S. (2024). O tatu, o buraco, a planta e a terra: perspectivas entrópicas e da vida numa ilha de Vera Cruz. Revista De Antropologia Da UFSCar, 14(2), 132–155. https://doi.org/10.14244/rau.v14i2.427

Edição

Seção

Quais mundos em Ruínas? O Antropoceno em questão