Uma perspectiva de gênero sobre o diagnóstico de depressão nas práticas clínicas e nas práticas cotidianas

Autores

  • Laura Cremonte

Palavras-chave:

depressão, mulheres, etnografia

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar criticamente algumas questões da depressão como patologia e como dispositivo biomédico, através de alguns exemplos etnográficos. Em particular, utilizarei uma perspectiva de gênero, questionando a relação entre a depressão e a condição feminina, focando a relação entre a prática psiquiátrica, algumas expectativas sociais de gênero e as “micro-experiências” do cotidiano das mulheres que vivem situações complexas. Deste ponto de vista, é importante considerar a vida das mulheres em relação às condições socioeconômicas, aos diferentes contextos da vida familiar e a vida emocional delas. A observação de diferentes modalidades de acesso e cuidado de mulheres com diagnóstico de depressão permite analisar os diversos percursos de tratamento. Especificamente, vou relatar algumas dinâmicas que acontecem dentro de um serviço de saúde mental na cidade de Araraquara (SP), onde participei de alguns grupos de psicoterapia, analisando como, neste contexto e na relação entre os pacientes e os terapeutas, a depressão é modelada e socialmente produzida e trocada nos relatos bem como nas práticas cotidianas. 

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Publicado

01-12-2013

Como Citar

Cremonte, L. (2013). Uma perspectiva de gênero sobre o diagnóstico de depressão nas práticas clínicas e nas práticas cotidianas. Revista De Antropologia Da UFSCar, 5(2), 158–173. Recuperado de https://www.rau2.ufscar.br/index.php/rau/article/view/104