Da existência dos bruxos (ou como funciona a antropologia)

Autores

  • Márcio Goldman

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v6i1.108

Palavras-chave:

religião, bruxaria, realidade, duplo vínculo, dobra

Resumo

Este texto é uma versão ligeiramente remanejada da conferência apresentada na XII Semana de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos, em maio de 2014. Partindo de uma situação de campo e da análise de um trecho do famoso livro de Evans-Pritchard sobre a bruxaria Azande, busca explorar a tentação sempre experimentada pela análise antropológica de dissolver como imaginário, ou simbólico, aquilo que as pessoas que estuda de•inem como sendo da ordem do real. Por meio de algumas ideias de Lucien Lévy-Bruhl, levanta a hipótese de que a antropologia estaria apoiada em uma espécie de duplo vínculo, no sentido de Gregory Bateson, ou de duplo vinco, no sentido de Gilles Deleuze, entre o território original representado pelo saber ocidental e a desterritorialização a que é forçada por sua relação com saberes dominados e mundos alternativos.

Referências

ASAD, Talal. 1986. “The Concept of Cultural Translation in British Social Anthropology”. In: James Clifford & George Marcus (ed.), Writing Culture. The Poetics and Politics of Ethnography. Berkeley: University of California Press. pp. 141-164.

BARTHES, Roland. [1961] 1964. “De Part et d’Autre”. In: Roland Barthes, Essais Critiques. Paris: Seuil. pp. 167-174

BATESON, Gregory. [1956] 1972. “Toward a Theory of Schizophrenia”. In: Gregory Bateson, Steps to an Ecology of Mind: Collected Essays in Anthropology, Psychiatry, Evolution, and Epistemology. Chicago: Univerity of Chicago Press. pp. 153-170.

CLASTRES, Pierre. [1968] 1979. ”Entre Silence et Dialogue”. In: Raymond Bellour et Cathérine Clément (org.), Claude Lévi-Strauss. Paris: Gallimard, Paris. pp. 33-38.

DELEUZE, Gilles. 1968. Différence et Répétition. Paris: PUF.

______. 1988. Le pli. Leibniz et le Baroque. Paris: Minuit.

______. [1985] 1990. “Les Intercesseurs”. In: Gilles Deleuze, Pourparlers 1972-1990. Paris: Minuit. pp. 165-184.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. 1991. Qu’est ce que la Philosophie. Paris: Minuit.

EVANS-PRITCHARD, Edward E. 1934. “Lévy-Bruhl’s Theory of Primitive Mentality”. Bulletin of the Faculty of Arts, Egyptian University, Cairo (University of Egypt), 2(1):1-36.

______. 1937. Witchcraft, Oracles and Magic Among the Azande. Oxford: Clarendon Press.

______. 1956. Nuer Religion. Oxford: Oxford University Press.

______. 1976. Witchcraft, Oracles and Magic Among the Azande (abridged with an introduction by Eva Gillies). Oxford: Clarendon Press.

FOUCAULT, Michel. [1976] 1994. “Cours du 7 janvier 1976”. In: Michel Foucault, Dits et Écrits (vol. 3). Paris: Gallimard. pp. 160-175.

GEERTZ, Clifford. 1983. “‘From the Native’s Point of View’: On the Nature of Anthropological Understanding”. In: Clifford Geertz, Local knowledge: Further Essays in Interpretive Anthropology. New York: Basic Books. pp. 55-70.

GOLDMAN, Marcio. 1984. A Possessão e a Construção Ritual da Pessoa no Candomblé. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

______. 1991. Razão e Diferença: Sobre Lucien Lévy-Bruhl. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

______. 1994. Razão e Diferença: Afetividade, Racionalidade e Relativismo no Pensamento de Lévy-Bruhl. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ/Editora Grypho.

______. 2006. Como Funciona a Democracia: Uma Teoria Etnográ ica da Política. Rio de Janeiro: Editora 7Letras.

INGOLD, Tim. 1992. “Editorial”. Man, 27(4):693-696.

LATOUR, Bruno. 1991. Nous n’Avons Jamais Été Modernes. Essai d’Anthropologie Symétrique. Paris: La Découverte.

______. 1996. Petite Ré lexion sur le Culte Moderne des Dieux Faitiches. Paris: Synthélabo.

______. 2003. Un Monde Pluriel mais Commun. Entretiens avec François Ewald. Paris: La Découverte.

______. 2005. Reassembling the Social. Oxford: Oxford University Press.

LÉVI-STRAUSS, Claude. [1960] 1973. “Le Champ de l’Anthropologie”. In: Claude Lévi-Strauss, Anthropologie Structurale Deux. Paris: Plon, 1973. pp. 11-44.

LÉVY-BRUHL. 1910. Les Fonctions Mentales dans les Sociétés Inférieures. Paris: PUF.

______. 1938. L’Expérience Mystique et les Symboles chez les Primitifs. Paris: Félix Alcan.

OVERING, Joanna. 1985. “Introduction”. In: Joanna Overing (ed.), Reason and Morality. London: Tavistock (A.S.A. Monographs 24). pp. 1-28.

STENGERS, Isabelle. [1997] 2003. “Cosmopolitiques 7. Pour en Finir avec la Tolérance”. In: Isabelle Stengers, Cosmopolitiques II. Paris: La Découverte. pp. 285-399.

STRATHERN, Marilyn. 1987. “Out of Context: the Persuasive Fictions of Anthropology”. Current Anthropology, 28(3):251-281.

TYLOR, Edward Burnett. 1871. Primitive Culture. London: John Murray.

VEYNE, Paul. 1978. Comment on Écrit l’Histoire. Paris: Seuil.

Downloads

Publicado

01-06-2014

Como Citar

Goldman, M. . (2014). Da existência dos bruxos (ou como funciona a antropologia) . Revista De Antropologia Da UFSCar, 6(1), 7–24. https://doi.org/10.52426/rau.v6i1.108