Ipea e alinhamentos tecnocráticos

do planejamento à assessoria

Autores

  • Bruner Titonelli Nunes

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v10i1.229

Palavras-chave:

tecnocracia, planejamento, assessoria, IPEA

Resumo

Neste trabalho parto de análises realizadas a partir do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para refletir sobre interconexões entre universos concebidos como técnicos e políticos. Apesar das fronteiras entre essas categorias serem apresentadas e reforçadas continuamente de forma eficaz, é interessante olhar para essa separação dentro de um processo histórico. A ascensão e queda da centralidade do planejamento na vida institucional relaciona-se a mudanças conjunturais que produziram versões diferentes de Ipea. O período ditatorial e democrático são dois marcos dessas expectativas e as categorias planejamento e assessoria estão fortemente relacionadas a cada um desses momentos históricos. Neste artigo vou comparar algumas versões da instituição produzidas em momentos diferentes e apontar o modo como cada uma dessas categorias remete a relações diferentes entre práticas reconhecidas como técnicas e políticas.

Referências

BARREIROS, Daniel. 2006. Estabilidade e crescimento: a elite intelectual moderno-burguesa no ocaso do desenvolvimento. Tese de Doutorado. PPGH, Universidade Federal Fluminense.

BEVILAQUA, Cimea; LEIRNER, Piero. 2000. “Notas sobre a análise antropológica de setores do Estado brasileiro”. Revista de Antropologia, 43:105–140.

BIELSCHOWSKY, Ricardo. 2004. O pensamento econômico brasileiro: o ciclo ideológico do desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: Contraponto.

BRASIL. Decreto nº 8.536, de 02 de outubro de 2015.

BRESSER PEREIRA, Luiz Carlos. 1997. “Interpretações sobre o Brasil”. In: M. R Loureiro (org.), 50 anos de ciência econômica no Brasil. Rio de Janeiro: Vozes.

CAMPOS, Roberto. 1994. Lanterna na popa: memórias. Rio de Janeiro: Topbooks.

CENTENO, Miguel; SILVA, Patricio (org.). 1998. The Politics of Expertise in Latin America. London: Palgrave Macmillan UK.

CUNHA, Márcia P. 2012. Do planejamento à ação focalizada: Ipea e a construção de uma abordagem de tipo econômico da pobreza. Tese de Doutorado. PPGS, Universidade de São Paulo.

D’ARAUJO, Maria Celina; FARIAS, Ignez C. de; HIPPOLITO, Lucia. (org.). 2005. IPEA 40 anos: uma trajetória voltada para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Ipea/FGV.

FISICHELLA, Domenico. 1995. “Tecnocracia”. In: N. Bobbio, N. Matteucci & G. Pasquino (ed.). Dicionário de Política. v. 2. Brasília: Universidade de Brasília.

HOCHMAN, Gilberto. 1990. De inapiários a cardeais da Previdência Social: a lógica da ação de uma elite burocrática. Dissertação de Mestrado. Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro.

IPEA. SOBRE O IPEA. Missão. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1227&Itemid=68 Acesso em: 9 jan. 2017.

IPEA & MACROPLAN. 2014. Plano Estratégico do Ipea 2013-2023. Brasília: Ipea, Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3076/4/Plano_estrategico_2013_2023%20(revisto).pdf. Acesso em: 20 fev. 2017

LATOUR. Bruno; WOOLGAR, Steve. 1997. A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume Dumara.

NUNES, Bruner. 2017. Ipea: dos alinhamentos tecnocráticos à produção de conhecimento para a sociedade. Tese de Doutorado. PPGAS, Universidade de Brasília.

NUNES, Edson de O. 1997. A gramática política do Brasil: clientelismo e insulamento burocrático. Rio de Janeiro : J. Zahar Editor; Brasília: Escola Nacional de Administração Pública.

OLIVEIRA, Nilo D. de. 2010. “Os primórdios da doutrina de segurança nacional: a Escola Superior de Guerra”. História, 29(2):135–157.

PAULA, Christiane J. de. O Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais - IPES | CPDOC. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/O_Instituto_de_Pesquisa_e_Estudos_Sociais. Acesso em: 9 jan. 2017.

SALERNO, Mário Sérgio. 2005. “Perspectivas do Planejamento”. In: Mª. C. D’Araujo, I. C. de Farias & L. Hippolito. IPEA 40 anos: uma trajetória voltada para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Ipea/FGV.

SILVEIRA, Pedro B. A. da. 2009. O estado da ciência e a ciência do Estado: a Fundação Getúlio Vargas e a configuração do campo das ciências econômicas no Brasil. Dissertação de Mestrado. PPGAS, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

WEBER, Max. 1993. Ciência e política: duas vocações. 9. ed. São Paulo: Cultrix.

Downloads

Publicado

01-06-2018

Como Citar

Nunes, B. T. (2018). Ipea e alinhamentos tecnocráticos: do planejamento à assessoria. Revista De Antropologia Da UFSCar, 10(1), 105–127. https://doi.org/10.52426/rau.v10i1.229

Edição

Seção

Dossiê Entre a Política e a Técnica: práticas de conhecimento em comparação