Identidades em processo

se fazer prostituta e indígena em um jogo relacional e contextual

Autores

  • Lívia Freire da Silva

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v11i1.297

Palavras-chave:

prostituição, sexualidade, identidade, fluxo, etnicidade

Resumo

Analiso as construções de identidades das indígenas Potiguara que se prostituem na região que abrange a cidade da Baía da Traição e aldeias Potiguara circunvizinhas. A prostituição se organiza nesta região diante de questões de pertencimento étnico, mobilizando expectativas sobre as condutas femininas junto a segredos sobre suas práticas no mercado do sexo, construção dos corpos, questões de gênero e sexualidade. Descrevo como se constroem as identidades étnicas de mulheres que se prostituem atreladas às suas identidades como prostitutas, buscando perceber em quais momentos tais identidades são acionadas. Sobremaneira, essas questões perpassam um desafio maior: avaliar como as interlocutoras constroem suas identidades diante de uma perceptível fluidez. Considero também o modo como a vida na prostituição organiza o cotidiano dessas mulheres tendo em consideração que as indígenas exercem suas atividades na prostituição com segredo, e estabelecem esta atividade como um suporte financeiro ou mesmo como forma de lazer e sociabilidade.

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Publicado

01-06-2019

Como Citar

Silva, L. F. da. (2019). Identidades em processo: se fazer prostituta e indígena em um jogo relacional e contextual. Revista De Antropologia Da UFSCar, 11(1), 486–503. https://doi.org/10.52426/rau.v11i1.297

Edição

Seção

Dossiê: Corpos, fronteiras, gênero e sexualidade