Artes da cura

pinturas corporais em alguns grupos Jê

Autores

  • Andre Demarchi

Palavras-chave:

Pintura corporal, Xamanismo, Mebêngôkre (Kayapó), Ramkokàmekrà (Canela), PykopCatiji (Gavião), Mehin (Krahô), Panin (Apinajé)

Resumo

O artigo apresenta uma abordagem comparativa da pintura corporal entre povos Jê, mais especificamente entre os Mebêngôkre (Kayapó), Ramkokàmekrà (Canela), os PykopCatiji (Gavião), os Mehin (Krahô) e os Panin (Apinajé). Partindo das etnografias sobre estes povos, destaco uma faceta da pintura corporal pouco explorada em termos analíticos e comparativos. Trata-se de entender como, para diferentes povos Jê do Brasil Central, a pintura corporal assume uma dimensão terapêutica, profilática e mesmo protetiva dos corpos, fazendo das suas conhecedoras (em sua maioria mulheres), especialistas nos poderes curativos (e porque não, xamânicos) que as pinturas possuem em contextos específicos, principalmente, aqueles relativos a situações de resguardos, gestação, parto, doença e luto. Essa abordagem praxiológica, centrada na ação da pintura e não em sua representação, permite compreender a pintura corporal enquanto uma arte da cura.

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Publicado

01-12-2019

Como Citar

Demarchi, A. (2019). Artes da cura: pinturas corporais em alguns grupos Jê. Revista De Antropologia Da UFSCar, 11(2), 142–166. Recuperado de https://www.rau2.ufscar.br/index.php/rau/article/view/315

Edição

Seção

Outras imagens do pensamento para a etnologia dos povos Jê do Brasil Central