Missionary Talk

(re)considerações acerca da polêmica nascimento virgem

Autores

  • Rafael Antunes Almeida

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v3i1.46

Palavras-chave:

nascimento virgem, parentesco, concepções ocidentais acerca da vida

Resumo

Datam do século XIX os primeiros relatos acerca de grupos para os quais a cópula não estava associada à reprodução. Numerosos autores se debruçaram sobre este problema, tanto dispostos a sustentar esta afirmação, quanto proferindo críticas ao tratamento de statements nativos como “afirmações sobre o mundo”. O debate segue este tom até o início da década de 80, quando Carol Delaney promove uma inversão radical nas linhas correntes de argumentação: em última análise o problema do nascimento virgem não diria respeito à ignorância dos nativos quanto à paternidade fisiológica, mas a uma ignorância dos antropólogos diante do próprio problema da paternidade. Delaney abre o caminho para uma série de outros trabalhos interessados em pensar a questão do nascimento virgem, desta vez associados à polêmica pública britânica da síndrome do nascimento virgem. O  objetivo deste artigo é compor uma revisão teórica dos referidos debates, menos interessada nos meandros da polêmica e mais  dirigida às suas torções, subprodutos e inflexões. Conclui-se com a constatação de que a ignorância antropológica envolta no  problema do nascimento virgem resulta de uma adiantada suposição da universalidade da causalidade biológica para ontologias  outras e da não atenção para o fato segundo o qual a maneira como os animais diferem dos humanos no ocidente é diferente daquela que os mesmos diferem dos humanos em outras cosmologias. 

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Publicado

01-06-2011

Como Citar

Almeida, R. A. (2011). Missionary Talk: (re)considerações acerca da polêmica nascimento virgem. Revista De Antropologia Da UFSCar, 3(1), 236–257. https://doi.org/10.52426/rau.v3i1.46