Um objeto ou uma técnica?

O caso do kampô

Autores

  • Edilene Coffaci de Lima

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v6i2.120

Palavras-chave:

kampô, katukina, objeto

Resumo

A partir da apresentação do uso da secreção da perereca conhecida como kampô (Phyllomedusa bicolor) entre os Katukina (falantes de uma língua pano e moradores de duas terras indígenas no Acre) irei desenvolver a ideia de que o kampô é, ao mesmo tempo, um objeto e uma técnica, ou um objeto técnico nos termos maussianos. Ao mesmo tempo, apresentarei a conceituação katukina de que o kampô pode ser entendido como uma “coisa”, hawe, em sua própria língua. Uma conceituação que põe em operação modos de concebê‐lo como um fazer aberto e prospectivo, permitindo assim abarcar as transformações de seus usos nos anos recentes.

Referências

ALMEIDA, Mauro. 2013. “Caipora e outros conflitos ontológicos”. R@u, Revista de Antropologia da UFSCar, 5(1):7-28.

APPADURAI, Arjun (org.). 2008. “Introdução: mercadorias e a política de valor”. In: A. Appadurai. A vida social das coisas. As mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói: Editora da UFF. pp. 15-88.

ALVES, Rômulo; ALVES, Alberto. 2011. “The faunal drugstore: animal-based remedies used in traditional medicines in Latin America”. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, 7(9):243. PMid:21385357.

BONHOMME, Julien. 2010. “Les ancêtres et le disque dur: visions d’iboga en noir et blanc”. In: S Baud & C. Ghasarian (eds.), Des plantes psychotropes. Initiations, thérapies et quêtes de soi. Paris: Imago. pp. 313-336.

CALÁVIA, Oscar. 2011. “A vine network”. In: B. Labate & H. Jungaberle (eds.), The internationalization of Ayahuasca. Zürich: Lit Verlag. pp. 131-144.

CONKLIN, Beth. 2002. “Shamans versus pirates in the Amazonian treasure chest”, American Anthropologist, 104(4):1050-1061. http://dx.doi.org/10.1525/aa.2002.104.4.1050

FAUSTO, Carlos. 2001. Inimigos fiéis. História, guerra e xamanismo na Amazônia. São Paulo: Edusp.

HOUAISS. 2015. “Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa”. Disponível em: . Acesso em: 27 abr. 2015

INGOLD, Tim. 2012. “Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais”. Horizontes Antropológicos, 37:25-44.

INTERNATIONAL ASSOCIATION OF KAMBO PRACTITIONERS. 2015. Disponível em: . Acesso em: 05 out. 2015.

KOPYTOFF, Igor. 2008. “A biografia social das coisas. A mercantilização como processo”. In: A. Appadurai. A vida social das coisas.As mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói: Editora da UFF.

LATTANZI, Giovanni. 2013. “Kambô: scientific research and healing treatments”. Disponível em: <http://www.heartoftheinitiate.com/files/Kambo-Scientific-Research-Healing-Treatments.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2013.

LESCURE, Jean; MARTY; Victoire et Christian; STARACE, Fausto; AUBER-THOMAY, Michèle; LETELLIER, Michèle. 1995. “Contribution à l’étude des Amphibiens de Guyane française. X. Les Phyllomedusa (Anura, Hylidae)”. Revue Francaise D’Aquariologie et Herpetologie, 22:35-50.

LIMA, Edilene C. 2000. Com os olhos da serpente: homens, animais e espíritos nas concepções katukina sobre a natureza. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo.

______. 2012. “A gente é que sabe ou sobre as coisas katukina (pano)”. Revista de Antropologia, 55(1):139-169.

______. 2014. “A internacionalização do kampô” (via ayahuasca): difusão global e efeitos locais. In: P. C. C. Cesarino e Carneiro da Cunha, Manuela (orgs.), Políticas culturais e povos indígenas. São Paulo: Cultura Acadêmica Editora.

LIMA, Edilene C.; LABATE, Beatriz C. 2007. “‘Remédio da ciência’ e ‘remédio da alma’: os usos da secreção do kambô (Phyllomedusa bicolor) nas cidades. Revista de Antropologia Social”. Campos, 8(1):71-90.

______. 2008. “A expansão urbana do kampô: notas etnográficas”. In: B. Labate, S. Goulart & M. Fiore (orgs.), Drogas: perspectivas em ciências humanas. Salvador: Editora da UFBA.

MAUSS, Marcel. 2003. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify. pp. 183-314, 399-422.

______. 2012a. “Les techniques du corps”. In: N. Schlanger. Techniques, technologie et civilisation. Paris: PUF. pp. 365-394.

______. 2012b. “Les techniques et la technologie”. In: N. Schlanger. Techniques, technologie et civilisation. Paris: PUF. pp. 409-419.

RIBEIRO, Filipe S. 2015. O kampô na rede: difusão de uma prática tradicional indígena na web. (Relatório final de IC). Curitiba: UFPR.

SAHLINS, Marshall. 1997. “O pessimismo sentimental e a experiência etnográfica: por que a cultura não é um objeto em vias de extinção”. Mana, 3(1):41-73. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-93131997000100002

SANTOS-GRANERO, Fernando. 2009. “Introduction: amerindian constructional views of the world”. In: ______. The ocult life of the things: native amazonian theories of materiality and personhood. Tucson: The University of Arizona Press. pp. 1-29

SOUZA, Moisés; CATAIANO, Carlito; AQUINO, Terri V.; LIMA, Edilene C.; MENDES, Margarete K. 2002. “Anfíbios”. In: M. C. Cunha & M. Almeida. Enciclopédia da Floresta. O Alto Juruá: práticas e conhecimentos das populações. São Paulo: Cia das Letras. pp. 601-614.

STRATHERN, Marilyn. 2014. O efeito etnográfico. São Paulo: Cosac Naify. TERRA NÁUAS. 2013. Links de pesquisas científicas sobre o Kambô. Disponível em: <http://terranauas.blogspot.com.br/2013/05/links-de-pesquisas-cientificas-sobre-o.html>. Acesso em: 11 jul. 2013.

Downloads

Publicado

01-12-2014

Como Citar

Lima, E. C. de . (2014). Um objeto ou uma técnica? O caso do kampô. Revista De Antropologia Da UFSCar, 6(2), 21–33. https://doi.org/10.52426/rau.v6i2.120