Circulando como filho

etnografando relações familiares através dos bastidores de uma empresa circense

Autores

  • Everton Rangel

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v8i1.157

Palavras-chave:

relações, maternidade, diferença, emoções, etnografia

Resumo

Neste artigo1 descrevo tanto as características do vínculo maternal que tornou possível a minha pesquisa enquanto filho nos bastidores de um circo nos Estados Unidos quanto os vínculos que estabeleci em campo com as figuras que me queriam bem por quererem bem a minha mãe biológica, antiga dançarina do circo. Refiro-me, sobretudo, ao ex-namorado ucraniano de minha mãe, que foi considerado como meu pai. Isto aconteceu exclusivamente porque a minha presença neste lugar mobilizava afetos e contraprestações anteriores à existência da própria pesquisa. Dito de outro modo, interessa aqui cartografar poéticas atreladas ao fazer e desfazer de relações estabelecidas entre pessoas de diferentes origens nacionais, relações estas que passam a conformar uma família através de uma empresa transnacional. Busco forjar certa correlação entre moralidades, emoções e marcadores sociais da diferença, mais detidamente gênero, classe e nacionalidade/cultura, de modo a compreender como um “mundo comum” entre dois amantes, mãe e pai, pode persistir e então não mais. 

Referências

ABU-LUGHOD, Lila. 1993. Writing women’s worlds: Bedouin stories. Califórnia: University of California Press.

BAILEY, Frederick George. 1983. The tactical uses of passions. Ithaca/London: Cornell University Press.

BRAH, Avtar. 2006. “Diferença, Diversidade, Diferenciação”. Cadernos Pagu, 26:329-376.

BUTLER, Judith. 2008. Gender trouble: feminism and the subversion of identity. Londres/Nova York: Routledge.

______. 1993. Bodies that matter: on the discursive limits of “sex”. Nova York: Routledge.

CHO, Grace M. 2008. Haunting the Korea Diaspora: shame, secrecy and the forgotten war. Minneapolis: University of Minnesota Press.

CLIFFORD, James. 2000. “Culturas Viajantes”. In: A. Arantes, O espaço da diferença. Campinas: Papirus. pp. 50-79.

COELHO, Maria Claudia. 2006. O Valor das Intenções: dádivas, emoção e identidade. Rio de Janeiro: Ed. FGV.

______. 2010. “Narrativas da violência a dinâmica micropolítica das emoções”. Mana, 16(2):265-285.

DAS, Venna. 2007. Life and Words: violence and the descent into the ordinary. Berkeley: University of California Press.

______. 2010. “Engaging the life of the other: love and everyday life”. In: M. Lambek, Ordi nary Ethics: anthropology, language, and action. New York: Fordham University Press. pp. 376-399.

______. 2012. “Ordinary ethics”. In: D. Fassin (org.), A companion to moral anthropology. Oxford: Wiley-Blackwell. pp. 133-149.

FASSIN, Didier. 2012. “Toward a critical moral anthropology”. In: ______. (org.), A companion to moral anthropology. Oxford: Wiley-Blackwell. pp. 1-18.

FAUBIAN, James D. 2012. “Foucault and the genealogy of ethics”. In: D. Fassin (org.), A companion to moral anthropology. Oxford: Wiley-Blackwell. pp. 67-84.

FERNANDES, Camila. 2013. “Apego e Jeitos de Cuidar. Afetos, trabalho e gênero na experiência do cuidado de crianças”. In: VII Congresso Latino-Americano de Estudos do Trabalho, São Paulo.

______. 2017. “Tempos e território de gênero: uma batalha entre o ‘tempo para mim’ e o ‘tempo de correr atrás’”. In: M. E. Díaz-Benítez & E. Rangel, Governo, Desejo, Afeto: dis cutindo gramáticas de gênero. (No prelo).

FOUCAULT, Michel. 1977. Vigiar e Punir. O nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes.

______. 1982. “The subject and Power”. Critical Inquiry, 8(4):777-795.

______. 2007. História da sexualidade. A vontade de saber. São Paulo: Graal.

______. 2012. História da sexualidade 2. O uso dos prazeres. São Paulo: Graal.

LAIDLAW, James. 2002. “For an anthropology of ethics and freedom”. Journal of the Royal Anthropological Institute, 8(2).

LAMBEK, Michael. 2010. “Toward an ethics of the act”. In: ______, Ordinary Ethics: anthropology, language, and action. New York: Fordham University Press. pp. 39-63.

LOWENKRON, Laura. 2015. “Corpos em trânsito e o trânsito dos corpos: a desconstrução do tráfico de pessoas em investigações da Polícia Federal”. In: XI Reunião de Antropologia do MERCOSUL, Montevidéu.

LUTZ, Catharine. 1996. “Engendered emotion: gender, power, and the rethoric of emotion control in amerincan discourse”. In: R. Harré & W. G. Parrott, The emotions: social, cultural and biological dimensions. Londres: Sage Publications.

LUTZ, Catharine; ABU-LUGHOD, Lila. 2008. “Introduction: emotion, discourse, and the politics of everyday life”. In: ______. (org.), Language and the politic emotion. New York: Cambridge University Press. pp. 1-23.

MAHMOOD, Saba. 2005. Politics of Piety. The Islamic revival and the feminist subject. Princeton: Princeton University.

______. 2006. “Teoria Feminista, Agência e Sujeito Liberatório: algumas reflexões sobre o revivalismo islâmico no Egipto”. Etnográfica, 10(1):121-158.

MARCUS, George. 1988. Ethnography through thick and thin. Princeton: Princeton University Press.

MAUSS, Marcel. 1974. “Ensaio sobre a dádiva: forma e razão da troca nas sociedades arcaicas”. In: ______, Sociologia e Antropologia. São Paulo: Edusp. pp. 37-184. v. 1.

MCCLINTOCK, Anne. 2010. Couro Imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial. São Paulo: Editora Unicamp.

PISCITELLI, Adriana. 2007. “Corporalidade em Confronto: brasileiras na indústria do sexo na Espanha”. RBCS, 22(64):17-32.

______. 2008. “Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasilerias”. Sociedade e Cultura, 11(2):263-274.

PISCITELLI, Adriana; ASSIS, Glaucia de Oliveira; OLIVER, José Miguel Nieto. 2011. Gênero, sexo, afetos e dinheiro: mobilidades transnacionais envolvendo Brasil. São Paulo: Uni camp/Pagu.

RANGEL, Everton. 2015. Brazilian Dancers: a travessia dos corpos em um circo norte-americano. Dissertação de Mestrado. PPGAS, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

REZENDE, Claudia Barcellos; COELHO, Maria Claudia. 2010. Antropologia das Emoções. Rio de Janeiro: Ed. FGV.

ROSALDO, Renato. 1993. “Introduction: Grief and Headhunter’s Rage”. In: ______, Culture and Truth: the remaking of social analysis. Boston: Beacon Press.

STRATHERN, Marilyn. 2014. “Os limites da autoantropologia”. In: ______, O efeito etnográfico. São Paulo: Cosac Naify. pp. 133-158.

VELHO, Gilberto. 1981. “Observando o familiar”. In: ______, Individualismo e cultura: notas para uma antropologia da sociedade contemporânea. Rio de Janeiro: Zahar. pp. 123-132.

______. 1986. “Unidade e fragmentação em sociedades complexas”. In: ______. Projeto e meta morfose: antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro: Zahar. pp. 11-30.

VIANNA, Adriana. 2005. “Direitos, moralidades e desigualdades: considerações a partir de processos de guarda de crianças”. In: R. K. de Lima, Antropologia e Direitos Humanos 3. Niterói: EdUFF.

______. 2011. “A guerra das mães: dor e política em situações de violência institucional”. Cadernos Pagu, 37:79-116.

______. 2012. “Atos, sujeitos e enunciados dissonantes: algumas notas sobre a construção dos direitos sexuais”. In: R. Miskolci & L. Pelúcio (orgs.), Discursos fora da ordem: sexua lidades, saberes e direitos. São Paulo: AnnaBlume. pp. 227-244.

ZELIZER, Viviana. 2011. A Negociação da Intimidade. Petrópolis: Vozes.

Downloads

Publicado

01-06-2016

Como Citar

Rangel, E. (2016). Circulando como filho: etnografando relações familiares através dos bastidores de uma empresa circense. Revista De Antropologia Da UFSCar, 8(1), 147–163. https://doi.org/10.52426/rau.v8i1.157

Edição

Seção

Dossiê Etnografias, desafios metodológicos, éticos e políticos