A política dos documentos

o modo de produção da técnica no caso do sistema brasileiro de classificação indicativa

Autores

  • Rodolfo Moraes Reis

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v10i1.230

Palavras-chave:

documentos, técnica, políticas públicas, mídia e regulação, classificação indicativa

Resumo

A classificação indicativa consiste na análise dos produtos audiovisuais exibidos e comercializados em território brasileiro, com a indexação dos conteúdos considerados impróprios para crianças e adolescentes e a atribuição de uma faixa etária limite para o público. Essa agenda se fundamenta na concepção de que o estado deve auxiliar pais e responsáveis na gestão do contato dos seus filhos com produções midiáticas. Neste artigo, a partir de uma pesquisa etnográfica sobre o trabalho da Coordenação de Classificação Indicativa (COCIND/Ministério da Justiça), mapeio os trâmites burocráticos da análise de imagens fílmicas e televisivas, com foco em suas peças fundamentais: (a) o Guia Prático da Classificação Indicativa (b) e o relatório técnico de análise. Assim, investigo em que medida estes artefatos burocráticos corporificam um investimento nas ideias de padronização, objetividade e tecnicidade que compõem o imaginário normativo acerca das instituições públicas, constituindo um capital político de grande relevância: a produção de uma técnica.

Referências

ABRAMS, Philip. [1977] 1988. “Notes on the difficulty of studying the State”. Journal of Historical Sociology, 1 (1): 58-89.

BOURDIEU, Pierre. 1996. “Espíritos de Estado: gênese e estrutura do campo burocrático”. In: P. Bourdieu, Razões Práticas. Sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus. pp. 91-135.

CHAGAS, ROMÃO & LEONEL (Org.). 2006. Classificação Indicativa no Brasil: Desafios e Perspectivas. Brasília: Secretaria Nacional de Justiça.

FERREIRA, Letícia Carvalho de Mesquita. 2013. “‘Apenas preencher papel’: reflexões sobre registros policiais de desaparecimento de pessoa e outros documentos”. Mana [online], 19 (1): 39-68.

FOUCAULT, Michel. 1979. “Governamentalidade”. In: M. Foucault, Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal.

HULL, Matthew. 2012. “Documents and bureaucracy”. Annual Review of Anthropology, 41: 251-267.

HULL, Mathew. 2012. Government of Paper: The Materiality of Bureaucracy in Urban Pakistan. Berkeley: University of California Press.

LOWENKRON, Laura; FERREIRA, Letícia. 2014. “Anthropological perspectives on documents: Ethnographic dialogues on the trail of police papers”. Vibrant – Virtual Brazilian Anthropology, 11 (2).

SECRETARIA NACIONAL DE JUSTIÇA (Org.). 2012. Classificação indicativa: guia prático. Brasília: Ministério da Justiça.

ROMÃO, José Eduardo Elias. 2011. Pedra na funda: a classificação indicativa contra a ditadura da indústria da comunicação. Tese de doutorado. Faculdade de Direito, Universidade de Brasília.

SHORE, Chris; WRIGHT, Susan. 1997. “Policy: a new field of anthropology”. In: C. Shore & Susan Wright (Eds.), Anthropology of policy: Critical perspectives on governance and power. London and New York: Routledge. pp. 3-39.

TEIXEIRA, Carla Costa; SOUZA LIMA, Antônio Carlos de; CASTILHO, Sérgio Ricardo Rodrigues. 2014. “Etnografando burocratas, elites e corporações: a pesquisa entre estratos sociais hierarquicamente superiores em sociedades contemporâneas”. In: S. Castilho & A. C. de Souza Lima & C. C. Teixeira (org.). Antropologia das práticas do poder: reflexões etnográficas entre burocratas, elites e corporações. Rio de Janeiro: Contra-Capa. pp. 7-31.

WEBER, Max. “Burocracia”. 1963. In: M. Weber, Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar Editores. pp. 229-282.

WRIGHT, Susan. 1994. “Culture in anthropology and organizational studies”. In: S. Wright (ed.). Anthropology of organizations. London: Routledge. pp. 1-31.

Downloads

Publicado

01-06-2018

Como Citar

Reis, R. M. (2018). A política dos documentos: o modo de produção da técnica no caso do sistema brasileiro de classificação indicativa. Revista De Antropologia Da UFSCar, 10(1), 128–149. https://doi.org/10.52426/rau.v10i1.230

Edição

Seção

Dossiê Entre a Política e a Técnica: práticas de conhecimento em comparação