Os espíritos e o virtual
um experimento etnográfico de tradução com o kujà kaingang Jocemar Kãka-Há sobre cosmologia e a pandemia de covid-19
DOI:
https://doi.org/10.14244/rau.v16i1.475Palavras-chave:
Etnografia, Kaingang, Perspectivismo, Virtual, PandemiaResumo
Esta pesquisa irá expor um experimento etnográfico de tradução com os Kaingang e, mais especificamente, com o kujà kaingang Jocemar Kãka Há, sendo que a noção de kujà, em língua kaingang, corresponde à famosa noção de xamã. O texto buscará, através de um trabalho de tradução, com problematizações conceituais e semânticas, compreender uma narração específica do kujà Jocemar Kãka Há, que expõe a pandemia de covid-19 através de uma relação dinâmica entre dois lados do mundo, um atual e outro virtual. Partindo das problematizações da virada ontológica, o experimento etnográfico de tradução desse artigo, em um primeiro momento, irá suspender as operacionalizações dos regimes conceituais hegemônicos da modernidade, embasados na dicotomia humano/natureza, para se instrumentalizar um regime conceitual que opera pelo par atual/virtual, abrindo assim caminho para uma alteração determinada pelo pensamento do outro através de um constante trabalho de comparação.
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