Demarcação e Equivocação

uma reflexão a partir do caso da Terra Indígena Krῖkati

Autores

  • Júlia Trujillo Miras

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v9i1.183

Palavras-chave:

Terra Indígena, T/terra, Kr˜ikati, Timbira, demarcação

Resumo

O presente artigo trata do processo de demarcação da Terra Indígena Krῖkati, que se localiza no sul do estado do Maranhão. A partir de discussão sobre os conceitos de terra, território, territorialidade e (des)territorialização, propõe-se refletir sobre os sentidos e consequências da demarcação de uma Terra Indígena, entendida como um movimento que esquadrinha a T/terra segundo a lógica proprietária característica da perspectiva moderno-ocidental. Por meio de uma etnografia de laudos de identificação presentes no processo realizado pela Funai, pode-se acompanhar as ações engendradas pelos documentos para estabilizar as fronteiras e eclipsar a multiplicidade presente na(s) terra(s) indígena(s). Na análise ganha evidência e importância as ações dos índios (sua política) e seus impactos na constituição dessa(s) T/terra(s). Procura-se compreender o que os processos revelam e, portanto, o que eles ocultam sobre a constituição de uma TI, provocando uma reflexão sobre o papel dos antropólogos nos processos de regularização fundiária.

Referências

AYRES BRITTO, Carlos. 2009. “Voto do Ministro Relator”. In: Miras, Júlia et. All. Makunaima Grita: Terra Indígena Raposa Serra do Sol e os direitos constitucionais no Brasil. Rio de Janeiro: Beco do Azougue.

AZANHA, Gilberto. 1984. A Forma Timbira: Estrutura e Resistência. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FFLCH-USP.

BORGES, Antonádia. 2010. “Uma propriedade, diversas propriedades: etnografia, comparação e a distribuição de benefícios públicos no Brasil e na África do Sul”. In: Neiburg, F.; Sigaud, L.; Rosa, M.; Borges, A. e Macedo, M. (orgs). Brasil em Perspectiva. Rio de Janeiro: 7 Letras.

_________________. 2012. “Ser embruxado: Notas epistemológicas sobre razão e poder na antropologia”.In: Civitas, v. 12, n. 3, set.-dez. Porto Alegre. pp. 469-488.

CASEY, Edward S. 1996. “How to get from space to place in a fairly short stretch of time: phenomenological prolegomena”. In: FELD, S. & BASSO, K.H. (Eds.), Senses of place. pp. 13-52.

CLASTRES, Pierre. 2003. A Sociedade contra o Estado. São Paulo: Cosac & Naif.

COELHO DE SOUZA, Marcela Stockler. 2014. Dois pequenos problemas com a lei. Terra Intangível para os Kisêdjê (Suya). No prelo.

________2013. A vida dos Lugares entre os Kisedjê (Suya). No prelo.

________. 2007. “A dádiva indígena e a dívida antropológica: o patrimônio cultural entre direitos universais e relações particulares”. In: Série Antropológia, vol.415. Brasília: DAN/ UNB.

DELEUZE, Gilles, & GUATTARI, Felix. 1972. O anti-édipo: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34.

________1997. Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrênia. Vol.5. São Paulo: Editora 34.

DE LA CADENA, Marisol. 2009. “Política Indígena: um análisis más allá de la política”. In: WAN E-JOURNAL No 4, jan/fev 2009, pp. 139-171. Disponível em: http://www.ram- -wan.net/documents/05_e_Journal/journal-4/jwan4.pdf

FAVRET-SAADA, Jeanne. 2005. “Ser afetado”. In: Cadernos de Campo. n. 13. Tradução Paula Siqueira. pp.155-161.

GALLOIS, Dominique Tilkin. 2004. Terras ocupadas? Territórios? Territorialidades? In: O desafio das sobreposições terras indígenas & unidades de conservação da natureza. São Paulo: ISA.

GUIMARÃES, Bruno Nogueira. 2012. Os Caminhos da Terra Indígena dos Canelas História e Transformações. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: PPGAS/MUSEU NACIONAL/ UFRJ.

INGOLD, Tim. 2012. “Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais”. In: Horizontes antropológicos 18 (37). pp. 25-44.

________. 2011. Being Alive. Essays on movement, knowledge and description. Taylor & Francis Library.

JANZ, Bruce B. 2002. “The territory is not the map: Place, Deleuze and Guattari, and African Philosophy”. In: Philosophia Africana. Vol. 5. pp. 392- 404.

LADEIRA, Maria Elisa. 1982. A Troca De Nomes e a Troca de Cônjuges - Uma Contribuição ao Estudo do Parentesco Timbira. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FFLCH/USP.

________. 1989. Perícia Antropológica referente A ação de Demarcação que Leon Delix Milhomen e outros movem contra a Fundação Nacional do Índio. Processo n.1875/81. Mimeo.

LATOUR, Bruno. 1994. Jamais fomos modernos: ensaio de Antropologia Simétrica. Rio de Janeiro: ed. 34

LAW, John. 2004. After method: mess in social science research. London: Routledge. MIRAS, Julia Trujillo. 2015. De terra(s) indígena(s) à Terra Indígena: o caso da demarcação Krῖkati. Dissertação de Mestrado. Brasilia: DAN/PPGAS/UNB.

MOLINA, Luísa Pontes. 2017. Terra, luta, vida: autodemarcações indígenas e afirmação da diferença. Dissertação de Mestrado. Brasília: DAN/PPGAS/UNB.

MOLL, Annemarie. 2002. The Body Multiple. Ontology in medical practice. Durhan e Londres: Duke University Press.

NODARI, Alexandre. 2007. “a posse contra a propriedade”: pedra de toque do Direito Antropofágico. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

________. 2014. A( )terra(r) (“Se Gaia tem mil nomes, como você prefere chamá- la?”). Acessado em 17/04/2015. Disponível em: http://osmilnomesdegaia.eco.br/2014/09/01/ alexandre-nodari-a-terrar/

________. 2016. Recipropriedade: ocupação e cuidado com a T/terra Ou: A questão (índigena) do Manifesto Antropófago. Comunicação apresentada no seminário Contra-antropologias da T/terra: incursões etnográficas e controvérsias públicas.

SCHMITT, Carl. 2006. The Nomos of the Earth in the International Law of the Jus Publicum Europaeum. New York: Telos Press.

STRATHERN, Marilyn. s/d. Contemporary moments: Land as intellectual property. Draft. University of Cambridge.

________. 2004. Partial Connections. Updated Edition. Oxford: Altamira Press

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 1996. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. In: Mana, v.2, n.2, p. 115-144.

________. 2002. A inconstância da alma selvagem – e outros ensaios de antropologia. Cosac & Naify, São Paulo.

________. 2004. “Perspectival Anthropology and the Method of Controlled Equivocation”. In: Tipití. Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America. 2(1):3–22. 2011a.

________. 2007. Filiação Intensiva e Aliança Demoníaca. In: Novos Estudos, CEBRAP 77, mar- ço/07, p. 91-126

Downloads

Publicado

01-06-2017

Como Citar

Miras, J. T. (2017). Demarcação e Equivocação: uma reflexão a partir do caso da Terra Indígena Krῖkati. Revista De Antropologia Da UFSCar, 9(1), 131–150. https://doi.org/10.52426/rau.v9i1.183

Edição

Seção

Dossiê Antropologia das T/terras