As rebeliões do PCC

Autores

  • Karina Biondi

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v9i1.186

Palavras-chave:

Rebelião, Primeiro Comando da Capital, Discursos hegemônicos, Conceitos contra-hegemônicos

Resumo

O Primeiro Comando da Capital (PCC), coletividade originada no interior das prisões paulistas no início da década de 1990, hoje está presente na grande maioria das prisões e zonas urbanas de São Paulo. Em 2006, uma megarrebelião envolvendo 84 prisões, acompanhada pelo que ficou conhecido como “os ataques do PCC”, sinalizou sua dimensão e provocou a reflexão acadêmica acerca desse fenômeno, acompanhada da elaboração de um discurso hegemônico acerca do PCC. Este artigo abordará uma rebelião ocorrida pouco meses antes desses “ataques”, mas também as rebeliões conceituais que os atores nelas implicados promovem frente aos discursos hegemônicos sobre o PCC, aos conceitos comumente utilizados nas ciências sociais e sobretudo nas ideias enraizadas na tradição de pensamento ocidental.

Referências

ADORNO, Sérgio e SALLA, Fernando. 2007. “Criminalidade organizada nas prisões e os ataques do PCC”. Revista Estudos Avançados, vol. 21, no 61: 7-29.

APPADURAI, Arjun. 1988. “Putting Hierarchy in Its Place”. Cultural Anthropology. Vol. 3 (1): 36-49

AUSTIN, John Langshaw. 1961. Philosophical Papers. Oxford: Oxford University Press.

BARBOSA, Antonio Rafael. 2013. ““Grade de ferro? Corrente de ouro!”: circulação e relações no meio prisional”. Tempo Social. Vol. 25 (1): 107-129.

BARNARD, Alan; SPENCER, Jonathan (eds.). 1996. Encyclopedia of Social and Cultural Anthropology. London: Routledge.

BIONDI, Karina. 2010. Junto e Misturado: uma etnografia do PCC. São Paulo: Terceiro Nome.

__________. 2014. Etnografia no movimento: território, hierarquia e lei no PCC. Tese de doutorado. PPGAS, Universidade Federal de São Carlos.

CANO, Ignácio e ALVADIA, Alberto. 2008. Análise dos Impactos dos Ataques do PCC em São Paulo em Maio de 2006. Rio de Janeiro: Laboratório de Análise da Violência (LAV-UERJ).

COLOMBO, Sylvia. 2006. “Claro enigma”. Jornal Folha de São Paulo. Caderno Mais, 21 de maio de 2006.

DIAS, Camila Caldeira Nunes. 2008. A igreja como refúgio e a bíblia como esconderijo: religião e violência na prisão. São Paulo: Humanitas.

DUMONT, Louis. 1992. Homo hierarchicus: o sistema de castas e suas implicações. São Paulo: EDUSP.

FERRAZ DE LIMA, Jacqueline Stefanny. 2015. Mulher Fiel: Etnografia do amor nas prisões do PCC. São Paulo: Alameda.

GRIMBERG, Samirian. 2009. Luta de Guerreiros, castigos de ninjas e amor de rainhas: etnografia de uma rebelião prisional. Dissertação de mestrado. PPGAS, Universidade Federal de São Carlos.

IHRC (International Human Rights Clinic) e Justiça Global. 2011. São Paulo Sob Achaque: Corrupção, Crime Organizado e Violência Institucional em Maio de 2006. http://hrp.law. harvard.edu/wp-content/uploads/2011/05/full-with-cover.pdf.

LATOUR, Bruno. 2005. Reassembling the Social: An Introduction to Actor-Network Theory. Oxford: Oxford University Press.

MARQUES, Adalton. 2008. “‘Faxina’ e ‘pilotagem’: dispositivos (de guerra) políticos no seio da administração prisional”. Lugar comum - estudos de mídia, cultura e democracia (UFRJ). Vol. 25-26: 283-290.

__________. 2010. “‘Liderança’, ‘proceder’ e ‘igualdade’: uma etnografia das relações políticas no Primeiro Comando da Capital”. Etnográfica. Vol. 14 (2): 311-335.

__________. 2016. “Quando outras “cenas” entram em ação: considerações de moradores sobre transformações em periferias de São Paulo”. Anuário Antropológico. Vol. 41(1): 173-201.

MINGARDI, Guaracy. 2007. “O trabalho da Inteligência no controle do Crime Organizado”. Revista de Estudos Avançados. Vol. 21, no 61: 51-69.

RAPPORT, Nigel; OVERING, Joanna. 2000. Social and cultural anthropology: the key concepts. London: Routledge.

RHODES, Lorna A. 2001. “Toward an anthropology of prisons”. Annual Review of Anthropology, Vol. 30: 65-83.

STRATHERN, Marilyn. 1996. “1989 debate: The concept of society is theoretically obsolete. The presentations: for the motion (1)”, em INGOLD, Tim. (ed.), Key Debates in Anthropology. London: Routledge. pp. 50-55.

TORRES, Sergio. 2006. “Crime organizado paulista é mais centralizado, vê estudiosa. Entrevista com Alba Zaluar”. Jornal Folha de São Paulo, 15 de maio de 2006.

VELHO, Otávio. 1986. “Nota ao verbete ‘hierarquia’”. In: FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Editora da FGV.

WACQUANT, Loïc. 2002. Corpo e Alma: notas etnográficas de um aprendiz de boxe. Rio de Janeiro: Relume Dumará.

WAGNER, Roy. 1974. “Are there social groups in the New Guinea Highlands?”. In: LEAF, M. (ed.), Frontiers of anthropology. An introduction to anthropological thinking. New York: Nostrand Company.

Downloads

Publicado

01-06-2017

Como Citar

Biondi, K. (2017). As rebeliões do PCC. Revista De Antropologia Da UFSCar, 9(1), 221–240. https://doi.org/10.52426/rau.v9i1.186