“Nossa casa está condenada”

o recurso à técnica como o modo de gerir populações no Rio de Janeiro

Autores

  • Alexandre Magalhães
  • Daniela Petti

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v10i1.237

Palavras-chave:

favelas, técnica, remoção, gestão

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar uma das tecnologias de governo recorrentemente acionada para gerir a população moradora de favelas no Rio de Janeiro. Consideraremos como o recurso ao discurso técnico nos auxiliará a delinear a constituição de formas de governo destas pessoas no contexto das remoções ocorridas recentemente na cidade. Compreendemos que acompanhar suas formas de agenciamento nos permitirá perspectivar as linhas de força que atravessam e constituem, por um lado, as relações entre aparatos estatais e determinadas populações e, por outro, o próprio traçado urbano que se nos revela ao acompanhar estes agenciamentos. Para levar adiante a empreitada, partiremos da consideração de dois casos: o da Vila União de Curicica e da Indiana.

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Publicado

01-06-2018

Como Citar

Magalhães, A., & Petti, D. (2018). “Nossa casa está condenada”: o recurso à técnica como o modo de gerir populações no Rio de Janeiro. Revista De Antropologia Da UFSCar, 10(1), 257–274. https://doi.org/10.52426/rau.v10i1.237

Edição

Seção

Dossiê Entre a Política e a Técnica: práticas de conhecimento em comparação