Apresentação ao dossiê: Performance, processos de diferenciação e constituição de sujeitos

Autores

  • Iracema Dulley
  • Lorena Avellar de Muniagurria

Palavras-chave:

Performance, processos de diferenciação, constituição de sujeitos

Resumo

Neste dossiê, reunimos pesquisas que discutem processos de diferenciação e constituição de sujeitos em sua dimensão performativa. A ideia que motivou sua organização foi a de pensar etnograficamente os efeitos performativos derivados da incongruência produtiva entre posicionalidades sociais e os termos a partir dos quais elas são designadas. Sendo a relação entre linguagem e mundo, bem como entre localização social e seus designadores, não de sobreposição, mas de descompasso e deslocamento, a possibilidade de transformação performativa está colocada. Contudo, de um ponto de vista etnográfico, não é sempre que a performance produz algum tipo de descontinuidade. Assim, um questionamento que serve de fio condutor à leitura dos textos que compõem este dossiê é em que medida os processos de constituição de sujeitos por eles descritos representam uma continuidade ou ruptura com aqueles que os precedem. Trata-se de algo a ser verificado etnograficamente, caso a caso, a partir de incursões etnográficas variadas. Os engajamentos etnográficos dos artigos que compõem este dossiê possibilitam uma reflexão sobre processos de constituição de sujeitos que escapem à oposição hegemônica entre “nós”, “ocidentais”, e “eles”, “outros”, e, portanto, à pulsão totalizante. Isso é feito não só a partir do exame das categorias a partir das quais consideramos que os sujeitos observados etnograficamente são constituídos contextualmente, como também a partir da diversidade de campos de estudos com os quais os artigos dialogam.

Referências

ALTHUSSER, Louis. 2001. “Ideology and Ideological State Apparatuses (Notes Towards an Investigation).” In: Lenin and Philosophy and Other Essays. Nova York: Monthly Review Press.

AUSTIN, John. 1962. How to Do Things with Words. Oxford: Oxford University Press.

BOURDIEU, Pierre. 1996. O que falar quer dizer: a economia das trocas linguísticas. São Paulo: Edusp.

______. 2002. Esboço de uma teoria da prática. Oeiras: Celta.

BRAH, Avtar. 1996. Cartographies of Diaspora: Contesting Identities. Nova York: Routledge.

BUTLER, Judith. 1990. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. Nova York: Routledge.

______. 1997. Excitable Speech: A Politics of the Performative. Nova York: Routledge.

CHAKRABARTY, Dipesh. 2007. Provincializing Europe: Postcolonial Thought and Historical Difference. Princeton: Princeton University Press.

CRENSHAW, Kimberle. 1991. “Mapping the Margins: Intersectionality, Identity Politics, and Violence against Women of Color”. Stanford Law Review, 43(6): 1241-1299.

DAVIS, Angela. 2016 [1981]. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo.

DERRIDA, Jacques. 1972. “Signature événement contexte”. In: Marges de la philosophie. Paris: Les Éditions de Minuit.

______. 1973 [1967]. Gramatologia. São Paulo: Perspectiva.

_____. 1992. “Force of Law”. In: D. Cornell et al. (orgs.), Deconstruction and the Possibility of Justice. Nova York: Routledge.

_____. 2010 [1967]. A escritura e a diferença. São Paulo: Perspectiva.

_____. 2012 [1967]. A voz e o fenômeno: introdução ao problema do signo na fenomenologia de Husserl. Lisboa: Edições 70.

DULLEY, Iracema 2019. On the Emic Gesture: Difference and Ethnography in Roy Wagner. Londres: Routledge.

FANON, Frantz. 2008. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: Edufba.

FOUCAULT, Michel. 1982. “The Subject and Power”. Critical Inquiry, 8(4): 777-795.

HALL, Stuart. 1996. “New Ethnicities”. In: D. Norvey & Kuan-Hsing Chen (orgs.), Stuart Hall: Critical Dialogues in Cultural Studies. Londres: Routledge.

_____. 2000. “Old and New Identities, Old and New Ethnicities”. In: L. Back & J. Solomon, Theories of Race and Racism: a Reader. Londres: Routledge.

HOOKS, bell. 1981. Ain’t I a Woman? Black Women and Feminism. Boston: South End Press.

LACAN, Jacques. 1985. O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise, v. 2. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

MCCLINTOCK, Anne. 1992. “The Angel of Progress: Pitfalls of the Term ‘Postcolonialism’”. Social Text, 31/32:84-98.

_____. 1995. Imperial Leather: Race, Gender and Sexuality in the Colonial Contest. Nova York: Routledge.

PISCITELLI, Adriana. 2008. “Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras”. Sociedade e cultura, 11(2): 263-274.

SAID, Edward. 2007 [1978]. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia de Bolso.

SPIVAK, Gayatri. 1985. “Can the Subaltern Speak?”. In: L. Grossberg & C. Nelson. (orgs.), Marxism and the Interpretation of Culture. Urbana: University of Illinois Press. pp. 271-313.

WAGNER, Roy. 1972. Habu: the Innovation of Meaning in Daribi Religion. Chicago: University of Chicago Press.

______. 1986. Symbols that Stand for Themselves. Chicago: University of Chicago Press.

______. 2010 [1981]. A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify.

Downloads

Publicado

01-06-2020

Como Citar

Dulley, I., & Muniagurria, L. A. de. (2020). Apresentação ao dossiê: Performance, processos de diferenciação e constituição de sujeitos. Revista De Antropologia Da UFSCar, 12(1), 8–18. Recuperado de https://www.rau2.ufscar.br/index.php/rau/article/view/329

Edição

Seção

Dossiê: Performance, processos de diferenciação e constituição de sujeitos