“Tens que ter cuidado para não fazeres um trabalho a-branco”

por uma descolonização do teatro cabo-verdiano

Autores

  • Patricia Celeste Moreira Lopes e Silva Universidade de Cabo-Verde

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v13i2.389

Palavras-chave:

identidade, poder, teatro, descolonização, trajetórias artísticas profissionais

Resumo

Cabo Verde, ex-colónia portuguesa e país independente desde 1975, deve toda sua dinâmica teatral ao Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo (Ilha de São Vicente), residente no Camões Centro Cultural Português desde 1993. Etnografando as trajetórias dos fazedores e grupos de teatro da ilha de São Vicente, considerada o coração do teatro do país, questiono para quando uma descolonização do teatro cabo-verdiano. O artigo mostra como a agenda do meio teatral sanvicentino tem sido definida pela agenda do referido grupo de teatro, silenciando vozes, limitando espaços, oportunidades e apagando imagens. Esta monopolização de recursos tem colocado as restantes iniciativas teatrais num lugar marginal, periférico e de subalternidade, num processo contraditório que tem por base questões identitárias bipolarizadas entre África e Europa.

Referências

ANJOS, José. 2002. Intelectuais, Literatura e Poder em Cabo Verde. Lutas de definição da Identidade Nacional. Porto Alegre (Brasil): UFRGS/IFCH. Praia (Cabo Verde): INIPC.

BECKER, Howard. 2010. Mundos da Arte. Lisboa: Livros Horizonte.

BOURDIEU, Pierre. 2003. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora UNESP.

BORGES, Vera. 2007. O mundo do teatro em Portugal: profissão de actor, organizações e mercado de trabalho. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.

BRANCO, João (org.). 2003. Dez anos de teatro. São Vicente: Edição Instituto Camões /Centro Cultural Português – Pólo do Mindelo.

DUARTE, Dulce. 2003. Bilinguismo ou Diglossia? Praia - Cabo Verde: Splenn-Edições.

KI-ZERBO, Joseph. 2006. Para quando África? Entrevista de René Holenstein. Tradução de Carlos Aboim de Brito. Porto: Campos das Letras.

KONDÉ, Kwame. 2010. Escritos sobre Teatro. Praia: Artiletra.

LOPES, José Vicente. 1996. Cabo Verde. Os Bastidores da Independência. Praia – Mindelo: Instituto Camões Centro Cultural Português.

LOBO, Andréa. 2007. “Entre o familiar e o exótico: Compartilhando experiências de campo na Boa Vista, Cabo Verde”. In: B. Alinne & F. Soraya (ed.). Entre Saias Justas e Jogos de Cintura. Florianópolis: Ed. Mulheres, EDUNISC. pp. 209-229.

MAGNANI, José. 2009. “Etnografia como prática e experiência”. Horizontes Antropológicos, 15(32): 129-156.

MBEMBE, Achille. 2014. Crítica da razão negra. Lisboa: Editora Antígona.

______. 2017. Políticas da inimizade. Lisboa: Editora Antígona.

MCMAHON, Christina. 2009. Theatre in Circulation: Performing National Identity on the Global Stage in Cape Verde, West Africa. Tese de Doutorado. Northwestern University, Evanston, Illinois.

ROCHA, Eufémia. 2009. “Mandjakus em Praia: etnografando trajectórias de imigrantes da costa ocidental de África”. Ensaios Etnográficos na Ilha de Santiago de Cabo Verde, 1: 09-139.

SANTOS, Maria E.; TORRÃO, Maria M.; SOARES, Maria J. (org.). 2007. História Concisa de Cabo Verde. Resumo da História Geral de Cabo Verde (Volume I – 1991; Volume II – 1995; Volume III – 2002). Lisboa – Praia: Instituto de Investigação Científica Tropical, Instituto da Investigação e do Património Culturais.

SARR, Felwine. 2019. Afrotopia. São Paulo: n-1 edições.

SILVA, Patrícia. 2015. A construção das trajetórias dos fazedores de teatro sanvicentinos (Estudo sócioantropológico dos Bastidores do Teatro Sanvicentino). Dissertação de Mestrado. Universidade de Cabo Verde.

SILVEIRA, Onésimo. 2004. África ao Sul do Sahara. Sistemas de Partidos e Ideologias do Socialismo. Lisboa: África Debate.

VARELA, Odair. 2017. Crítica da razão estatal. O Estado Moderno em África nas Relações Internacionais e Ciência Política. O Caso de Cabo Verde. Praia: Edição da Livraria Pedro Cardoso.

Downloads

Publicado

25-11-2022

Como Citar

Lopes e Silva, P. C. M. (2022). “Tens que ter cuidado para não fazeres um trabalho a-branco”: por uma descolonização do teatro cabo-verdiano. Revista De Antropologia Da UFSCar, 13(2), 100–123. https://doi.org/10.52426/rau.v13i2.389

Edição

Seção

Esperança negra e reescrita de si: protagonismo africano no mundo contemporâneo