Confessando o estranho

hegemonia, éthos americano e a colonização lusitana a partir de documentos do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa no findar do século XVI

Autores

  • Martiniano Sardeiro de Alcântara Neto

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v12i2.353

Palavras-chave:

indígenas americanos, inquisição, colonização portuguesa

Resumo

O artigo propõe uma nova leitura dos documentos conhecidos como Confissões da Bahia, produzidos pela Inquisição Portuguesa na América no final do século XVI. Tal reinterpretação tem como recorte principal as chamadas “santidades” ou “heresias indígenas”, movimentos religiosos/sociais da tradição nativo americana surgidos na América Colonial durante o final do século XVI e início do XVII. A nova análise aqui proposta matiza e leva a cabo uma leitura crítica inicial da já clássica interpretação do historiador Ronaldo Vainfas, na obra A Heresia dos Índios. Deste modo, se propõe a noção, ainda não totalmente desenvolvida, de éthos indígena em contraposição à categoria de “disjunção social” proposta pelo último autor na análise da referida massa documental. Essa releitura visa, principalmente, enxergar nos documentos uma agência indígena que não seja apenas de cunho revoltoso ou reativo ao colonialismo.

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Publicado

01-12-2020

Como Citar

Alcântara Neto, M. S. de. (2020). Confessando o estranho: hegemonia, éthos americano e a colonização lusitana a partir de documentos do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa no findar do século XVI. Revista De Antropologia Da UFSCar, 12(2), 189–213. https://doi.org/10.52426/rau.v12i2.353