As palavras (em) canto

Formas e intenções de uso da palavra Kaiowá e Guarani no rap dos Brô Mc's

Autores

  • Jacqueline Candido Guilherme UFSC

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v13i1.364

Palavras-chave:

Kaiowá Guarani, Palavras, Rap, Brô Mc's

Resumo

“As experiências da vida são experiências de palavra” (Chamorro 2008: 56). Entre os Kaiowá e Ñandéva a valorização da palavra, oralidade e cantos são temas bastantes conhecidos na literatura antropológica. Dentre outras coisas, pesquisadores apontam para a palavra como princípio vital, geradora e mantenedora da vida. Tomo como ponto de partida para a reflexão algumas canções do grupo de rap Brô Mc’s, que se autodenominam enquanto Guarani Kaiowá. A partir de nossas conversas sobre o processo de composição musical, que envolve os modos como elaboram suas rimas, as escolhas das palavras, seus significados e suas intenções com elas, chegamos a uma reflexão sobre os modos como esses indígenas têm operacionalizado o poder da palavra cantada por meio de suas canções. A produção artística dos Brô Mc's, longe de se configurar como aculturação- no sentido de perda -, aponta para modos de se atualizar as formas de uso da palavra Kaiowá e Guarani, seus significados e suas agências, estas últimas sempre implicadas numa relação direta com o corpo de quem as executa e de quem as escuta.

Referências

BRAND, Antônio Jacó. 2001. “O bom mesmo é ficar sem capitão. O problema da "administração" das reservas indígenas Kaiowá/Guarani, Mato Grosso do Sul”. Tellus, 1: 67-88.

______. 2003. “Os novos desafios para a escola e o professor indígena”. Série-Estudos - Periódico do Programa de Pós-Graduação em Educação da UCDB, 1(15): 59-70.

______. 2004. “Educação indígena: uma educação para a autonomia”. In: XII Encontro Internacional de Educação Mercado/Conesul Campo Grande.

______. 2008. “Educação escolar e sustentabilidade indígena: possibilidades e desafios”. Ciência e Cultura, 60: 25-28.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. 2009. “‘Cultura’ e cultura: conhecimentos tradicionais e direitos intelectuais”. In: N. Carneiro da Cunha, Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify. pp.

CARVALHO, Rodrigo A. 2018. Rimas de Si, Batidas de Outrem (e Vice-Versa): estratégias de visibilidade e regimes de alteridade dentre os rappers kaiowá (Reserva Indígena de Dourados/MS). Tese de Doutorado. PPGAS, Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro.

CHAMORRO, Graciela. 2008. Terra Madura, Yvyaraguyje: Fundamento da Palavra Guarani. Dourados: Editora da UFGD.

______. 2013. “A arte da palavra cantada na etnia kaiowa”. Bulletin - Société Suisse des Américanistes, 73: 43-60.

CHAMORRO, Graciela; COMBÈS, Isabelle. 2015. “Missões Jesuíticas no Itatim”. In: G. Chamorro & I. Combès (orgs.). Povos Indígenas em Mato Grosso do Sul: História, Cultura e Transformações Sociais. Dourados: UFGD. pp. 555-569.

CHAMORRO, Graciela; PEREIRA, Levi. 2015. “Missões Pentecostais na Reserva Indígena de Dourados. RID: origens, expansão e sentidos da conversão”. In: G. Chamorro & I. Combès (orgs.). Povos Indígenas em Mato Grosso do Sul: História, Cultura e Transformações Sociais. Dourados: UFGD. pp. 631-654.

GUERREIRO, Juliana. 2012. “El género musical en la música popular: algunos problemas para su caracterización”. TRANS-Revista Transcultural de música, 16: 1-22.

GUILHERME, Jacqueline C. 2017. A poética da Luta: rap indígena entre os Kaiowá e Guarani em Mato Grosso do Sul. Dissertação de mestrado. PPGAS, Universidade Federal de Santa Catarina.

______. 2018. “Recepção musical e política: ensaio sobre os consensos e dissensos acerca da música dos Brô Mc’s no contexto da Reserva Indígena de Dourados e entorno”. Aceno – Revista de Antropologia do Centro-Oeste, 5(10): 19-38.

MADRID, Alejandro. 2009. “¿Por qué música y estudios de performance? ¿Por qué ahora?”. TRANS-Revista transcultural de música, 13: 1-15.

______. 2010. “Sonares dialécticos y política en el estúdio posnacional de la música”. Revista Argentina de Musicología, 11: 17-32.

MONTARDO, Deise Lucy Oliveira. 2002. Através do Mbaraka: música e xamanismo Guarani. 2002. Tese de Doutorado. PPGAS, Universidade de São Paulo.

MURA, Fábio. 2006. À procura do Bem Viver. Território, tradição de conhecimento e ecologia doméstica entre os Kaiowa. Tese de Doutorado. PPGAS, Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro.

NASCIMENTO, André. M. 2013. “Ideologias e Práticas linguísticas contra-Hegemônicas na Produção de Rap Indígena. Signótica, 25(2): 259-281.

PEREIRA, Levi Marques. 1999. Parentesco e Organização Social Kaiowá. Dissertação de Mestrado. PPGAS, IFCH-Universidade Estadual de Campinas.

______. 2004. Imagens kaiowá do sistema social e seu entorno. Tese de Doutorado. PPGAS, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

______. 2010. “Demarcação de terras kaiowá e guarani: ocupação tradicional, reordenamentos organizacionais e gestão territorial”. Tellus, 18: 115-137.

PIMENTEL, Spensy Kmitta. 2012. Elementos para uma teoria política kaiowá e guarani. Tese de Doutorado. PPGAS, Universidade de São Paulo.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo Batalha. 2004. “Perspectival Anthropology and the Method of Controlled Equivocation”. Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America, 2(1): 3-22.

Downloads

Publicado

05-12-2021

Como Citar

Guilherme, J. C. (2021). As palavras (em) canto: Formas e intenções de uso da palavra Kaiowá e Guarani no rap dos Brô Mc’s . Revista De Antropologia Da UFSCar, 13(1), 39–53. https://doi.org/10.52426/rau.v13i1.364

Edição

Seção

Dossiê A Palavra nos mundos indígenas